Muitas pessoas me perguntam por
que eu quero cantar. Por que escolhi justamente Música? É modismo? É por que
você se inspira no que você ouve?
Bem... Eu não sei o que
responder. De verdade! Meu amor pela Música sempre foi indiscutível, desde
muito nova. Sempre gostei de séries com músicas, de ver canais com videoclipes,
ouvir rádio, jingles de comerciais, aberturas de novelas. Meu amor por melodias
e vozes sempre teve muita influência da escola.
Eu sempre estudei em escola pública e durante
meus dois primeiros anos no ensino primário tivemos aula de Música. Era bem
básica: notas musicais, canções populares, cordéis. Isso me deixava extasiada,
inclusive quando eu via o piano que havia na sala onde tínhamos aula. Ele era
lindo – apesar de velho – e seu som me fazia tremer de vontade para aprender a
tocá-lo. Quando a disciplina acabou nas escolas públicas, fiquei muito triste, era
a minha favorita afinal. Chegando à 4ª série, eu entrei na fanfarra da escola. Ganhamos
o primeiro lugar do bairro. Aprendi a tocar tambor médio e era super divertido
e minha fome de conhecimento pela música crescia.
Entrei na Catequese e na Crisma
nova, sempre quando havia missas, tinha o coral com sua pequena banda de
guitarra, baixo e às vezes o mini-órgão que havia. Eram incríveis como as
pessoas cantavam e faziam todos que oravam se cativar pelas músicas sobre Jesus
e todos seguiam a letra que tinha no folhetim que recebíamos. Eu cantava a todo
pulmão. Nunca entrei no coral porque sempre fui extremamente tímida em cantar a
frente de mais de 200 pessoas todos os finais de semana e optei pelo Teatro. Nas
aulas de Teatro, a música era essencial, sempre fazíamos musicais nas datas
festivas da igreja e sempre me divertia muito.
Aprendi a ser mais desinibida –
mas não entrei no coral mesmo assim – e em festas de minha família no interior
havia o famoso karaokê. Eu sempre cantava, eu praticamente me ocupava a noite
toda do karaokê. Meu tio sempre dizia: “você será a cantora dessa família! Você
realmente canta bem, Bia!”. Eu tinha 9 anos. Foi aí que vi o que eu desejava
sempre ser. Sempre tive dúvidas do que eu realmente queria ser na vida. Adorava
desenhar, adorava atuar, adorava aprender mais sobre programas de designer –
aprendi muita coisa sozinha –, adorava aprender línguas diferentes, coisas
diferentes! Mas cantar... Cantar? Mamãe sempre dizia que era um hobby e quem
conseguia sobreviver de música tinha sorte. Eu tentava desencanar sobre meu
sonho.
Eu sempre sonhei em cantar. Em encantar
com minha voz. Com a minha melodia. Com o meu talento.
Foram chegando meus 15 anos e
comecei a me preocupar com o que faria de faculdade. Publicidade sempre era
minha segunda opção, eu tentava fugi da que vinha primeiramente em minha mente:
Música. Eu guardei isso comigo durante tantos anos, nunca fui realmente
motivada a fazer aulas de canto, de violão, de piano porque sempre foi caro. Fazer
Música é caro e eu sou uma famosa classe D/C do Brasil. Consigo sobreviver, mas
não tenho suporte o suficiente. Brasil não dá suporte a Artes como dá a
Medicina, a Direito, a Engenheiro e é uma profissão tão importante quão essas
outras. O que seria do mundo sem a música? O teatro? O escárnio? A poesia, a
prosa? Os livros! Mas ninguém pensa como eu, eis a verdade.
Quando estava chegando o fim do
colegial quis abrir o jogo que desejava fazer Música, mas eu sabia que não
seria bem receptivo esse meu sonho. Eu entendo que fazer faculdade, conseguir
um bom emprego e viver bem acomodada é bom, mas... E se não é o que eu amo? E
se é só pelo prazer material e não sentimental? A preocupação sobe a cabeça de
quem me ama, eu sei, mas as vezes parece que não sou um ser pensante, que
repensou, ficou noites em claro pensando: “isso é mesmo o que eu quero?”. E não
dava outra. Era o que eu mais desejava.
Eu nunca deixei de correr atrás –
mesmo que indiretamente – do meu sonho. Eu exercitei minha voz sozinha, a
internet me ajudou muito. Tive ajuda de amigos valiosos que me ensinaram a
tocar violão, amigos que me deram forças para manter esse sonho tão vivo quanto
era aos meus 6 anos. Agora... Eu sei o quanto eu quero e amo a Música. Eu respiro,
transpiro, penso e vivo Música. Eu vivo para cantar, encantar, fazer sorrir ou
chorar.
Essa foi à primeira ideia que
tive quando ouvia Cássia Eller cantando Palavras ao Vento. Tão simples aquela
letra, mas tão intensa aquela voz. Ela encantava.
É isso que eu quero. Eu quero encantar
com o que tenho de melhor: meu talento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário